O único exercício corporal da minha mocidade, para o qual também não
tive mestre, foi a natação. Não me lembro quando, e como aprendi a
nadar, mas julgo que sempre o soube, pois desconfio que nasci amphibio.
Assim não obstante o pouco prazer que tenho em me prodigalisar elogios,
como sabem todos aqueles que me conhecem, não posso deixar de dizer
que, sou um dos melhores nadadores existentes. Sendo conhecida a
confiança que tenho em mim é escusado dizer que nunca hesitei em me
atirar à água quando era necessário salvar um dos semelhantes.
Entretanto se meu pai não me mandou ensinar todos estes exercícios a
culpa não foi sua, mas sim da epocha calamitosa porque atravessamos.
Neste tempos desgraçados o clero era o senhor absoluto do Piemonte,
e todos os seus esforços eram tornar os mancebos em frades inúteis e
mandriões em lugar de cidadãos aptos para servirem a nossa desgraçada
pátria. O amor profundo que me consagrava meu pobre pai, até lhe fazia
recear que se eu recebesse alguma instrucção, isso me fosse funesto
para o futuro.
Rosa Raymundo, minha mãe, era, digo-o com bastante orgulho, o modelo
das mulheres. Todo o bom filho deve dizer o mesmo de sua mãe, mas
nenhum o dirá com mais justiça do que eu.
Um dos remorsos de toda a minha vida, talvez o maior, foi e será o
ter tornado desgraçados os seus últimos dias! Só Deus sabe quanto ella
sofreu com a minha vida aventureira, porque só Deus sabe o immenso
amor que minha mãe me consagrava. Se em mim existe algum sentimento
bom, confesso-o, e com bastante ufania, é a ella a quem o devo. O seu
carácter angélico devia forçosamente deixar-me alguns vestígios. Não
será a sua piedade pelos desgraçados, á sua compaixão pelos infelizes,
que eu devo este amor pela pátria, amor que me mereceu a afeição e
sympathia dos meus compatriotas?
Não sou supersticioso, mas devo dizer que nas circunstâncias mais
críticas da minha vida, quando o oceano rugindo erguia o meu navio como
um pedaço de cortiça, quando as bombas assobiavam a meus ouvidos como
o vento da tempestade, quando as bolas caíam em volta de mim como a
saraiva, via sempre minha pobre mãe ajoelhada aos pés do SENHOR orando
pelo filho das suas entranhas. Se algumas vezes mostrei uma coragem
de que muitos se admiraram, é porque estava convencido de que não me
sucederia desgraça alguma quando tão santa mulher, quando semelhante
anjo orava por mim.
tive mestre, foi a natação. Não me lembro quando, e como aprendi a
nadar, mas julgo que sempre o soube, pois desconfio que nasci amphibio.
Assim não obstante o pouco prazer que tenho em me prodigalisar elogios,
como sabem todos aqueles que me conhecem, não posso deixar de dizer
que, sou um dos melhores nadadores existentes. Sendo conhecida a
confiança que tenho em mim é escusado dizer que nunca hesitei em me
atirar à água quando era necessário salvar um dos semelhantes.
Entretanto se meu pai não me mandou ensinar todos estes exercícios a
culpa não foi sua, mas sim da epocha calamitosa porque atravessamos.
Neste tempos desgraçados o clero era o senhor absoluto do Piemonte,
e todos os seus esforços eram tornar os mancebos em frades inúteis e
mandriões em lugar de cidadãos aptos para servirem a nossa desgraçada
pátria. O amor profundo que me consagrava meu pobre pai, até lhe fazia
recear que se eu recebesse alguma instrucção, isso me fosse funesto
para o futuro.
Rosa Raymundo, minha mãe, era, digo-o com bastante orgulho, o modelo
das mulheres. Todo o bom filho deve dizer o mesmo de sua mãe, mas
nenhum o dirá com mais justiça do que eu.
Um dos remorsos de toda a minha vida, talvez o maior, foi e será o
ter tornado desgraçados os seus últimos dias! Só Deus sabe quanto ella
sofreu com a minha vida aventureira, porque só Deus sabe o immenso
amor que minha mãe me consagrava. Se em mim existe algum sentimento
bom, confesso-o, e com bastante ufania, é a ella a quem o devo. O seu
carácter angélico devia forçosamente deixar-me alguns vestígios. Não
será a sua piedade pelos desgraçados, á sua compaixão pelos infelizes,
que eu devo este amor pela pátria, amor que me mereceu a afeição e
sympathia dos meus compatriotas?
Não sou supersticioso, mas devo dizer que nas circunstâncias mais
críticas da minha vida, quando o oceano rugindo erguia o meu navio como
um pedaço de cortiça, quando as bombas assobiavam a meus ouvidos como
o vento da tempestade, quando as bolas caíam em volta de mim como a
saraiva, via sempre minha pobre mãe ajoelhada aos pés do SENHOR orando
pelo filho das suas entranhas. Se algumas vezes mostrei uma coragem
de que muitos se admiraram, é porque estava convencido de que não me
sucederia desgraça alguma quando tão santa mulher, quando semelhante
anjo orava por mim.