Texto - "Hamlet: Drama em cinco Actos" William Shakespeare

feche e comece a digitar
A morte de Hamlet, o nosso amado irmão, ainda é tão recente, que pareceria justo, que nossos corações estivessem imersos na tristeza e saudade, e que uma nuvem de dor cobrisse o solo deste reino; contudo, a razão combate euros impulsos da natureza, tanto que enfrentamos a nossa dor, e embora ainda esteja bem viva a recordação, pensamos também em nós. Portanto, com um prazer incompleto, confundindo os sorrisos com as lágrimas, a alegria com o luto; unindo o dobrar dos sinos aos cânticos nupciais, tomamos por esposa aquela que outrora era nossa irmã, vem a languidez compartir conosco a coroa deste belicoso país. Nesta conjuntura ouvimos primeiro os vossos ilustrados conselhos, livremente enunciados. Somos-lhes livres. Quanto ao jovem Fortinbras, fazendo seguramente uma fraca noção do nosso poder, ou imaginando que a morte de nosso chorado irmão lançasse o estado na dissolução e na anarquia, embalando-se em quimérica esperança, ousou mandar-nos mensagem após mensagem, intimando-nos a restituir-lhe o território perdido por seu pai, e legalmente adquirido por nosso valoroso irmão; isto por o que lhe respeita. Falemos agora de nós e do motivo desta reunião. O motivo é este. Pelas presentes escrevemos ao rei de Noruega, tio do jovem Fortinbras, que jazendo enfermo num leito, mal conhece os projetos de seu sobrinho, pedindo-lhe que ponha o seu veto à empresa, porque é de entre os seus súbditos que se fazem as levas de soldados e os alistamentos. Nos encarregamos, Cornélio e Voltando, de apresentar as nossas saudações ao idoso monarca norueguês, e é nossa vontade, que nas negociações vos conformeis estritamente às instruções que junto com a nossa carta recebereis. Adeus; a celeridade do resultado prove a dedicação dos negociadores.