Texto - "A Invenção do Dia Claro" José S. de Almada Negreiros

feche e comece a digitar
As mulheres e os homens estavam espalhados pela terra. Uns estavam maravilhados, outros tinham-se cansado. Os que estavam maravilhados abriam a boca, os que se tinham cansado também abriam a boca. Ambos abriam a boca.

Houve um homem sozinho que se pôs a espreitar esta diferença: havia pessoas maravilhadas e outras que estavam cansadas.

Depois ainda espreitou melhor: todas as pessoas estavam maravilhadas, depois não sabiam aguentar-se maravilhadas e ficavam cansadas.

As pessoas estavam tristes ou alegres conforme a luz: para cada um, mais luz - alegres; menos luz - tristes.

O homem sozinho ficou a pensar nesta diferença. Para não esquecer, fez uns sinais numa pedra.

Este homem sozinho era da minha raça, era um Egípcio! Os sinais que ele gravou na pedra para medir a luz por dentro das pessoas chamaram-se hieróglifos.

Mais tarde veio outro homem sozinho que tornou estes sinais ainda mais fáceis. Fez vinte e dois sinais que bastavam para todas as combinações que há ao sol.

Este homem sozinho era da minha raça, era um Fenício! Cada um dos vinte e dois sinais era uma letra. Cada combinação de letras, uma palavra.